As
greves nas universidades, tão comuns em nosso século, revelam-se como um papel
transformador e conquistador de direitos. Na busca por melhores salários, boas
condições de trabalho... os docentes das universidades federais apelam ao
governo por mais de dois meses e, até agora, a greve persiste. É essencial que
existam, sim, as greves, no que diz respeito à luta por uma educação pública de
qualidade, tanto para os alunos, no sentido de um bom ensino a eles, quanto
para os docentes, no que tece à valorização
deles.
É
bem verdade que a luta dos operários de máquinas, nas indústrias da Inglaterra,
no século XIX, por condição de trabalho e salário melhores, desencadeou numa
série de greves, dando origem a sindicatos e a movimentos, como o ludismo e o
cartismo. Nesse caso, a mobilização gerada fez com que tais objetivos fossem
alcançados. É justamente esse o verdadeiro teor de um movimento grevista: o de
mudar. De modo análogo, as greves nas universidades devem estar engajadas no
sentido de romper com a desvalorização dos docentes, exigindo pagamentos
adequados a cada categoria de trabalho.
Além
disso, deve-se analisar que prolongar a greve por muito tempo, como o que está
acontecendo nas universidades federais, é injusto e errôneo, já que isso atrasa
as atividades acadêmicas e, por assim ser, prejudica os estudantes. Na luta por
melhorias, a greve deve ser, sim, uma ferramenta essencial para mudar o
terrível “quadro negro” da educação brasileira, mas estipular um limite para ela é indispensável, não prejudicando,
assim, os mais inocentes pela falta de valorização dos docentes, por exemplo.
Talvez, como afirma a escritora Lya Luft, o maior problema de todos não é a educação
infeliz de nosso país, mas sim a falta de valorização dos profissionais e, mais
do que isso, dos educadores.
Assim
sendo, vemos que o papel das greves nas universidades é de extrema importância na busca por melhores
pagamentos e valorização dos docentes. É fundamental que sejam investidos na
educação uma maior parcela do nosso PIB para mudar a tristeza da educação brasileira deficiente, o que
possibilitaria um ensino de qualidade em nossas instituições acadêmicas. Mas
que a greve venha para transformar, não extrapolando, portanto, o seu
verdadeiro sentido. Que o espírito grevista dos operários metalúrgicos do ABC
paulista, à época da Ditadura, possa permanecer e influenciar positivamente os
docentes das universidades.
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