O uso de bebidas alcoólicas é conhecido desde a Antiguidade. Os egípcios regavam seus festejos com vinho. O hidromel era bebida apreciada na Europa Medieval. Até os deuses do Olimpo deliciavam-se com a ambrosia. No Brasil atual, a associação futebol e cerveja é apenas um de muitos exemplos da ligação entre festejos e álcool. A aceitação social da ingestão de bebida alcoólica torna, então, complexa a abordagem desse assunto com a juventude, que, segundo pesquisa concluída recentemente pela Unifesp, vem apresentando cada vez maiores índices de embriaguez e em idade mais precoce. Some-se a isso o fato de que o álcool altera diversas funções mentais e possibilita que pessoas tímidas e com baixa auto-estima apresentem-se mais desinibidas e aceitas.
No jovem o efeito dessa desinibição parece ter um impacto mais grave, pois a sensação de potência, de leveza, levam ao que o Dr. Içami Tiba, renomado psiquiatra, denominou de "onipotência juvenil": na vigência do uso de álcool, o adolescente ou jovem desconsidera qualquer risco relacionado à ingestão do álcool e dirige embriagado, pensa que não perderá o controle, tem relações sexuais sem proteção, ou seja, coloca sua vida e a de outros em risco. O aumento de jovens mortos ou física e mentalmente incapacitados em função de acidentes automobilísticos ocorridos durante a embriaguez do motorista constitui-se em um importante problema de Saúde Pública. Todavia, no plano individual muitas vezes não se consegue convencer o jovem a não se embriagar, pois há a pressão do seu grupo social mais próximo, amigos também adolescentes, no sentido de que todos se embriaguem. Aquele que se recusa recebe adjetivos negativos: fraco, frouxo, "careta" etc.
Deve-se buscar soluções que envolvam toda a sociedade, para reduzir o impacto do abuso de álcool pelos jovens. Algumas já vêm sendo realizadas, como maior fiscalização no trânsito, punições mais severas para quem dirige embriagado, proibição da venda e de consumo para menores, observação mais estrita das campanhas publicitárias para que se direcionem menos ao público mais novo. Porém, ainda há muito a se avançar.
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