Durante muitas décadas ingressar no ensino superior e concluir uma graduação foi o sonho de muitos jovens e adultos brasileiros. Fosse para ingressar ou ter novas oportunidades no mercado de trabalho, o número de vagas em faculdades e universidades era bastante restrito até meados dos anos 2000.
Com a ampliação de programas de financiamento estudantil, como o Fies, criação do ProUni e a autorização de funcionamento para mais instituições privadas, o sonho do acesso ao ensino superior se tornou realidade para milhares de estudantes. As barreiras de acesso deixavam de ser intransponíveis. No entanto, apesar da facilitação da entrada nas IES, outro problema surgiu: as dificuldades para a formação universitária.
Uma pesquisa realizada no Instituto de Psicologia da USP mostrou que estudantes oriundos de escolas públicas que conseguem ingressar em uma universidade privada apresentam dificuldades para se manter no curso, mesmo quando recebem bolsas de estudo. O estudo revelou, ainda, que as dificuldades de universitários egressos da rede pública não se resumiam ao vestibular e acompanham os estudantes por toda a graduação. Isso ocorreria tanto por questões financeiras, como pelo baixo conteúdo educacional adquirido desde o ensino básico, fato que prejudica os universitários no acompanhamento do curso.
O início da graduação, seja ela através das instituições públicas ou privadas, faz o aluno entrar em um novo universo de conhecimentos. O período da formação inicial é essencial para consolidar uma base sólida de saberes que os futuros profissionais deverão possuir até o findar desta formação. Contudo, muitos fatores acabam prejudicando a qualidade desta formação inicial acarretando problemas na continuidade dos estudos.
Talvez, a mais clara das dificuldades esteja na formação do estudante de escola pública, que é permeada por características peculiares a esse tipo de ensino. Dentre os principais problemas, destacam-se a falta de estrutura e recursos, a desmotivação dos professores por conta dos baixos salários e o desinteresse dos alunos, seja pelo cansaço físico ou pela falta de perspectivas para o futuro.
Não obstante, o distanciamento entre as escolas e a universidade e a falta de divulgação das oportunidades existentes fazem a conclusão do ensino superior uma realidade distante para a maioria desses estudantes. O que seria preciso fazer para mudar esta realidade?
Além de medidas conjuntas entre o governo e as universidades que fomentam a educação, tanto básica como superior, outras políticas públicas precisam caminhar junto às educacionais a fim de que, ao ingressarem no ensino superior, os estudantes egressos de todos os tipos de instituições tenham as mesmas oportunidades.
*Janguiê Diniz é mestre e doutor em direito – reitor da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau – Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional
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